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Ser o primeiro, faz diferença?

Faz quando se trata, por exemplo, da ida à lua, da descoberta de um tesouro, da invenção de uma vacina. Noutras ocasiões, ser o primeiro também devia fazer diferença, mas o tempo acaba por reduzir a força desse benefício.


Basta andar na rua para reparar na concentração de negócios do mesmo ramo, por m2, nas grandes cidades. Refiro-me a bancos, oficinas, calçado, vestuário, mas sobretudo no sector alimentar: mercearias, supermercados, cafés e restaurantes.





Não apareceram todos de uma vez e, provavelmente, os primeiros a chegar pensaram que seriam os únicos a gozar de pleno direito dessa vantagem. Mas a vida troca-nos as voltas e, passado algum tempo, o sucesso de uns desperta o interesse de outros. Deixamos de estar sozinhos e as avenidas, os quarteirões e os bairros enchem-se de novas lojas que satisfazem as mesmas necessidades. É verdade que assim passa a existir maior fluxo de compradores/consumidores, mas a quota de mercado também é mais disputada, assim como a quota de estômago - se voltarmos ao caso dos cafés e restaurantes - que tem o seu limite e por isso não aumenta.



Disposição do comércio de rua


As imagens em baixo são uma simulação de 2 cenários sobre a disposição do comércio. A cada cor corresponde um ramo de negócio:

  • Na Fig A o comércio é livre na implementação, não existem quotas a respeitar nem limites ao número de estabelecimentos de cada ramo, o que origina concentração de lojas numa determinada área geográfica;

  • Na Fig B é o inverso, o que faz com que o mesmo ramo tenha de procurar outra zona para se estabelecer, sabendo que nenhum outro será seu vizinho.


Fig A Fig B

disposição do comércio de rua

Uns dirão que determinada área é melhor servida de pessoas que outra e que por isso a Fig A apresenta vantagens quanto ao fluxo de clientes. Por outro lado a Fig B demonstra a verdadeira vantagem de ser o primeiro a chegar: poder escolher a zona com mais potencial. A Fig A obriga à especialização. Voltando aos restaurantes, todos satisfazem a mesma necessidade, mas a razão da sua existência passa pela diferenciação das ementas: um será tipicamente português, outro italiano e outro japonês, por exemplo. Já a Fig B permite que diferentes restaurantes apresentem a mesma cozinha, já que a distância geográfica salvaguarda essa condição.





Seja como for, numa grande cidade onde a mobilidade de pessoas é constante, defendo que devia haver critérios para implementação do comércio de rua conforme a Fig B. Menos saturação, maior esfera de influência, maior probabilidade de sucesso, mais rápida a fidelização de clientes.


É o que acontece com as farmácias, cuja abertura obedece, entre outros, a critérios de distância perante as restantes.



O que não pode faltar é a vantagem competitiva


Vantagem competitiva consiste em dominar um factor de diferenciação e com isso ter o que os outros não têm: localização privilegiada, capacidade de negociação, receita única e secreta, talento, tecnologia, entre outros.

Tudo para que seja o melhor, o primeiro, o escolhido. Mas esta busca é constante porque o mercado está em contínuo movimento e as vantagens não são eternas.



vantagem competitiva

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